sábado, 13 de fevereiro de 2010

Us and Them

Talvez o meu disco favorito de todos os tempos seja o Dark Side of The Moon, não só por ser uma obra de arte quase perfeita, um épico musical que é impossível não ouvir do início ao fim de uma só vez e ainda ter vontade de ouvir de novo, mas também por ser um importante marco sentimental para mim: me apaixonei pelo Pink Floyd quando descobri o Dark Side e todas as suas nuances. Ouvir o Dark Side quando se tem 16 ou 17 anos pode ser uma experiência e tanto, eu ainda não estava preparado para a grandiosidade daquilo tudo (outros álbuns que me causaram tamanha admiração foram o Sgt.Peppers e o Ok Computer).
Assim, eu tenho um carinho grande pelo Dark Side.

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Pra mim, uma das grandes bandas que surgiu nos último 20 anos foi The Flaming Lips, com toda sua irreverência, psicodelia e uma rara capacidade de criar obras tão espetaculares e ao mesmo tempo tão díspares umas das outras (Clouds Taste Metallic, The Soft Bulletin, Yoshimi etc). E eis que o Flaming Lips resolve regravar o Dark Side of The Moon, lançando o álbum em dezembro de 2009.
Bom, não diria regravar, mas lançar um novo olhar. E eu instantaneamente gostei da idéia, ao contrário de fãs xiitas do Pink Floyd nos fóruns da internet, que só faltaram morrer de desgosto por tocarem em algo que consideram intocável (quanta estupidez). Toda obra de arte está sujeita a reinterpretações, o que é uma coisa boa. Se a reinterpretação for uma porcaria, simplesmente não sobreviverá ao decurso do tempo, e ninguém sairá machucado. Mas enfim, o fato é que a versão Dark Side of The Moon do Flaming Lips está aí pra quem quiser ouvir.

E eu ouvi, e gostei do que ouvi. Quando se aprecia um "remake" a tendência é sempre pra o reducionismo, ou seja, comparar com o original, e se perguntar: é melhor que o original? A resposta para o presente caso: é óbvio que não, mas isso realmente não importa de maneira alguma.
Não importa porque se trata de uma obra nova, uma reinterpretação que faz jus ao Flaming Lips. Em relação ao original, o som está bem mais, digamos, "pirado", mais psicodélico mesmo, com mais distorções na guitarra (basta ouvir Breathe e já perceber isso), está mais a cara do Flaming Lips. Ouvir o disco me trouxe um sorriso enorme ao rosto, e um arrepio de estar ouvindo o Dark Side, um álbum que conheço bem, pelos instrumentos de outra banda que eu admiro. Enfim, uma experiência que vale a pena, que, é lógico, nunca vai substituir o original, mas nem é esse o propósito da coisa toda. E é hilário ver a revolta de alguns fãs do PF, alguns até acusando o Flaming Lips de falta de criatividade, o que demonstra uma ignorância danada: no mesmo ano de 2009 o Flaming Lips lançou o álbum Embryonic, que passa longe de falta de criatividade, e mesmo que não houvesse lançado um álbum novo, ainda assim seria leviano acusá-los assim só pelo fato de fazer o remake.

O grande destaque do disco fica por conta da versão de Us and Them, que me impressionou quase tanto quanto a original. Há em Us and Them uma verdadeira declaração por parte de Wayne Coyne, é algo realmente precioso, belo e singelo. Portanto, aí vai a música:

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